quinta-feira, 11 de junho de 2009

OS MONSTROS DE BABALOO

Zezé Macedo - Os Monstros de Babaloo

Dr. Badu, é um rico industrial dono de fábricas de marmeladas, bananadas e sardinhas em lata. Seu filho é uma versão mimada de Mogli, o menino lobo. Sua filha, Boneca (Helena Ignez), vive de festas e namora o chofer e massagista mandarim. Sua esposa, Madame Buganville (Wilza Carla), é tarada por sardinhas. Sua empregada, Frinéia (Zezé Macedo), fuma maconha durante o trabalho. Do alto de sua mansão na Ilha de Babaloo, Dr. Badu vê seu império ruir depois de mandar a família para os Estados Unidos e gastar todo o dinheiro com champanhe, festas e mulheres.

Elyseu Visconti produziu, dirigiu e escreveu este filme em 1970, mas não chegou a lançar, foi proibido pela censura. “Os Monstros de Babaloo” não é só uma sátira a classe média brasileira é também uma chanchada muito bem humorada, alucinada e alucinógena sobre relações de poder.

Tudo é bizarro e ao mesmo tempo atraente. Os personagens são disformes, patéticos, porém fotografados em um belíssimo preto e branco. Uma narrativa cheia de cenas de sexo e temas como: popularização de cultos afro, crise financeira, crise na igreja, violência (em uma das cenas, um dos personagens grita para outro brandindo uma pata de boi: “Eu vou te transformar em paçoca!”), uma sensualíssima Betty Faria e Wilza Carla antecipando a “Divine” de Jonh Waters, fazem deste filme uma onda.

“Este filme de Elyseu Visconti conserva ainda a juventude e o sopro renovador que o inspirou. Esta permanência se deve indubitavelmente, à pesquisa formal empreendida pelo autor junto com Rogério Sganzerla e Julio Bressane. EV joga por terra o filme de estilo e busca no gênero a sua função reveladora do cotidiano desglamurizado.” – Miguel Pereira, no livro “Cinema de Invenção”.

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O DVD ainda conta com mais quatro curtas documentais de EV que nada tem a ver com o experimentalismo do longa. São registros sobre uma festa semelhante ao Congado no Espírito Santo, o Cavalo Marinho da cidade de Bayeux na Paraíba, o Boi Calemba (ou Boi Bumbá) em São Gonçalo do Amarante - RN e uma famosa feira em Campina Grande na Paraíba.

De João Carlos Rodrigues, no encarte: “É interessante reparar nas diferentes formas de enfocar a realidade das obras ficcionais e documentais do cineasta. No primeiro caso, percebe-se a deformação caricatural, inclusive física, dos protagonistas; no segundo, a preocupação quase científica com o registro das imagens. Por trás de tudo, entretanto, um cineasta-autor que merece ser conhecido melhor.”

Se “O Bandido da Luz Vermelha” é o Santo Graal, “Os Monstros de Babaloo” é a Pedra de Roseta do cinema marginal brasileiro.

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