Sempre acreditei no seguinte: Quem volta do “Além-Barra-da-Tijuca” merece algum tipo de compensação. E, nas atuais circunstâncias, perdão pelo exemplo pessoal, a compensação cultural é a que importa. Por isso, sempre que posso, antes de finalmente chegar em casa, assisto alguma coisa no cinema.
O filme da vez foi “Apenas o Fim” de Matheus Souza. Primeiro, é preciso traçar uma breve descrição do que é um cinema no meio da tarde. São só velhinhos, funcionários, estudantes e algum incauto que acabou de voltar da Barra, ou seja, uma terra desolada. Se, por um lado isso é bom, porque não tem fila, por outro é um desmantelo porque as senhorinhas falam alto e combinam férias em Águas de Lindóia e comem pipocas e falam alto do “Chisps” (sic.) do celular que ainda não chegou e sabe lá quando vai chegar e que ela vai mudar de plano, enfim...quase me meti na conversa, mas achei por bem, mudar de lugar, já que opção eu tinha de sobra.
Em uma nova cadeira, começa o filme e em quarenta minutos começo a me perguntar qual o sentido de tudo aquilo. Não que o filme seja de todo ruim, não é isso, apesar de ter mais cara de exercício ou de um bom curta, comecei a desconfiar que todas as partes que me capturaram, estavam no trailer que eu vi mês passado.
Esse filme fala pra quem?, pensei. Comecei a achar tudo meio hermético, apesar de saber do que os personagens estavam falando. No início impressiona, mas depois de um certo tempo, o exagero e a quantidade absurda de referências, praticamente uma a cada vírgula, que nunca me disseram respeito como “Cavaleiros do Zodíaco”, “Tartarugas Ninja” e “Playstation” só me fizeram pensar que, talvez, Águas de Lindóia seja uma boa opção para as férias.
Depois eu pensei, tudo bem. É um filme que só conta uma história, sem pretensões de “pensar o Brasil” como muitos filmes por aí, mas também pensei estar mais do que na hora de saber como é que o cinema nacional pensa o universitário, ou o cara é maconheiro alienado ou é um nerd triunfante.
Para continuar na onda das referências e dos exemplos pessoais, com alguns casamentos nas costas, o filme perde intensidade quando você chega em um determinado ponto onde você percebe que, afinal de contas, terminar um namoro não é tão difícil assim.
É claro que uma relação pontuada única e exclusivamente de “Quizzes”, telas de computador, televisão, cinema e algum sexo, nunca vai dar certo. Depois “saquei” que a intenção era justamente essa. A primeira vez que eles olharam um para o outro de verdade, decidiram terminar.
No mais, eu é que estava um pouco de má vontade. Os atores são ótimos. Ela é boa, ele é inteligente, mas aquele ar blasé cansa, como cansa em qualquer ser humano e pensei mais uma vez, foi uma boa “sessão da tarde”, aquilo era só um filme e eu estava ali para ver até o fim, apenas.
4 comentários:
muito bom!
eu cheguei a pensar que as melhores partes do filme estão no trailler, o resto deve ser pura encheção de linguiça...
oi harold. eu fui a puc hj. dei uma aula ótima lá pra turma da andrea frança, mas confesso que a diferença entre o campus da puc e o da eco é gritante. o campus da puc me lembrou o shopping leblon ou a visconde de pirajá; uma coisa assim, tão... inocentes do leblon, na ufrj o clima é mais gente, é mais sujo, é mais mistura, é mais subcultura, é mais submundos. eu achava que não, mas hj vi que sim. ah, o filme eu não vi.
"Além-Barra da Tijuca"... Esse povinho de Zona Sul é foda!!! ;)
Tb acho!
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