terça-feira, 24 de novembro de 2009
AGORA ESTÁ...
em um ônibus, indo para Hurricane de Bob Dylan no Ipod. Dois homens conversam no banco da frente.
Algum dia você já acordou se perguntando quem é você pois hoje acordei assim um escritor sem roteiro um espelho sem imagem um jornalista sem notícia um humorista sem piada uma lagartixa sem parede um nada e um calor da porra E eu? Saí de casa, fui almoçar, voltei. Ontem fiz a mesma coisa e já não tenho mais o que dizer. Sobre a guerra? Sobre as eleições? Sobre a novela? Não é mais possível dizer certas coisas. Eu digo certas coisas que eu considero boas e que parecem cair em desuso. Estamos sós e nenhum de nós sabe exatamente aonde vai parar Talvez em alguma conversa no MSN ou no Orkut ou no hospício O destino da humanidade talvez, quem sabe, em uma hipótese remota, seja a LOUCURA Vamos, vamos todos ficar muito loucos, Herculano. Tacar fora nossos celulares, aquele home theater que ainda não paguei aliás, vamos jogar nossos valets, tickets, vauchers, notas, comprovantes e vamos pegar tudo de graça. E para que isto não pareça um discurso engajado posto que é da arte...Posto que é chama. Por que construir mais prisões, igrejas e farmácias se estamos livres, crédulos e saudáveis? Eu me sinto representado por certas bandas nacionais Parem com essa guerra estúpida, parem de publicar notícias sobre a Parem de escrotidão parem parem
Meu dia estava apenas começando e tudo o que eu queria era um café com leite. E talvez nossos assuntos do dia-a-dia comecem a ser pautados a partir de conversas como essa
segunda-feira, 16 de novembro de 2009
CONTO SEM CONTAR
Uma vez ele me disse que eu deveria ter vergonha do meu que o meu era quase imoral de tão ruim. E que eu deveria pensar duas vezes antes de pois da próxima vez ele poderia até aquilo era uma e como toda argumentei que se fosse poderia até valer tudo o que eu queria naquele momento.
Ele me perguntou se eu estava engambelando porra que ele aquela nada fazia e arrisquei uma: “Por favor, senhor, reconsidere.” Ele continuou a me interrogar e me afrontar começou numa de querer queimar os meus no momento em que ele jogou todo o meu um passava e ficou na dele. Qual ele viu os meus teve uma crise de foi quando ele disse que aqueles pertenciam a uma e o quis
Hoje vivemos os três no meu
sábado, 31 de outubro de 2009
PROCURA DA POESIA
(...)
Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero
há calma e frescura na superfície intata.
Ei-los sós e mudos, em estado de dicionário.
Convive com teus poemas, antes de escrevê-los.
Tem paciência se obscuros. Calma se te provocam.
Espera que cada um realize e consuma
com seu poder de palavra
e seu poder de silêncio.
Não forces o poema a desprender-se do limbo.
Não colha do chão o poema que se perdeu.
Não adules o poema. Aceita-o
como ele acietará sua forma definitiva e concentrada
no espaço.
Chega mais perto e contempla as palavras.
Cada uma
tem mil faces secretas sob a face neutra
e te pergunta, sem interesse pela resposta
pobre ou terrível, que lhe deres:
Trouxeste a chave?
Repara:
Ermas de melodia e conceito,
elas se refugiam na noite, as palavras.
Ainda úmidas e impregnadas de sono,
rolam num rio difícil e se transformam em desprezo.
CDA
quinta-feira, 22 de outubro de 2009
A GUERRA
Ninguém conseguiu dormir mais por causa do barulho
Crianças choravam escondidas assustadas embaixo da cama
Os mais velhos rezavam enquanto outros, atônitos, assistiam
O rádio do bar começou a tocar de manhã
“Ninguém morreu...”
Cheiro de pólvora e fumaça escura na rua deserta
terça-feira, 29 de setembro de 2009
VIAGEM DAS MÃOS - VI
O personagem sem nome o nome do personagem precisa (?!) de um nome o nome do personagem é Ruibarbo, ou Primo Altamirando, ou Primo Levi, ou Nacho Libre, ou Dean Moriarty, ou Albamerindo, ou Ishmael, ou Pedro Garnizé, Ralfo, Cícero, Quampérius, Lot, Pedro Archanjo, João Grilo, Gregor Samsa, Zé Carlos, Esaú, Jacó, Riobaldo Tatarana, Tardewski, Renzi, Isidro, Adilson, Heitor ou Astrogildo que é como me chamo ainda hoje quando me chamo tanto importa
nome serve para nomear
a mistura de sentir o que não está em mim
ele escreve impressões sobre São Paulo. “Impressões sobre São Paulo” já não é a mesma frase que dirá a cidade
prédios ruas e casas me encantam sempre
e o sotaque é tão diferente dessas meninas
de passagem no metrô de passagem atrás da Luz como naquele samba naquela música que toca agora como se fosse natural tocar uma música aquela música naquela hora
O sotaque é tão diferente dessas meninas até a moeda é diferente até pensei trocar de moeda mas a moeda era a mesma só que diferente
Mas Ele é que estava diferente Ele é que sentiu que estava diferente Ele é que estava de volta a escrever de um jeito diferente Sentiu-se então diferente e diferente estava de volta com outros olhos e um punhado de clichês para jogar fora e publicar tudo que seja o oposto do que costuma publicar
AL.linguagem cavar a lin(h)guagem e comeklar linh(gu)agem = tempo de escrever o tempo
escrever a todo tempo sobre todo o tempo que tem-m(p)o(s) para escrever sobre
a mistura de sentir o que não está em mim
aqui no metrô de dentro desse táxi avião iniciar uma série de diálogos
Em um novo caderno iniciar listas:
- Pasta (de dente)
- água (mineral)
- Checar e-mail (Como todo mundo faz quando chega em casa)
- Carregar o celular
- Lembrar da Lei Anti-Fumo e achar bom
- Lembrar de um número que deixou de anotar
- Lembrar do aniversário do irmão (sábado)
- Lembrar mais o que, meu Deus.
- Lembrar de dizer obrigado e boa tarde
- Lembrar de não dizer barbaridades em qualquer situação
- Lembrar de um amigo
- Pai, mãe, tia, irmã, sobrinha
A mistura de sentir o que não está em mim
Imagem
Tela branca
Noite de hotel
Publicar o nada
segunda-feira, 21 de setembro de 2009
VIAGEM DAS MÃOS - V
COMEÇO SEM COMEÇO
bdhfmnfisksm,dhfjmd.skdbfjhfmfld,dhfnf,ffdhdfk,fmfujfjhfmksdsh
placa de trânsito rua deserta chuva
papapalavras obedecem capítulo inacabado
escrever o que se pensa apenas escrever
sem saber sem nunca saber sem nunca de nunca de nem nunca mais saber
- MAIS TEMPO PARA NADA MAIS ! – Gritou alguém.
fazer
o texto des
a parecer invisível
quinta-feira, 17 de setembro de 2009
VIAGEM DAS MÃOS - IV
CAPÍTULO 1
A DECISÃO
Aqui um ponto de virada. Seria preciso naquele momento tornar-se o personagem que escreve um livro para tornar-se um personagem que escreve um livro. Um dia na vida desse personagem que escreve um livro até o final do dia que deve acabar com o fim do livro.
O personagem persegue a idéia de escrever um livro que dure o tempo de um dia na vida deste personagem. Para alcançar este objetivo imbecil, o personagem, próprio autor de si mesmo, inventa-se em alguns milhares de outros personagens, em uma coisa meio absurda, meio haribô, meio áfrica, meio civilização oriental.
Inevitável o personagem não falar sobre o tempo e suas elocubrações sobre regras e ditames quase sempre nunca antes cumpridos nunca à risca. Cada página corresponde a uma hora na vida do personagem (ele se chama personagem por enquanto assim) uma coisa meio Jack Bauer encontra James Joyce em um conto de Borges escrito por Gstein
Meuamigo personagem avisa que as referências serão sempre muitas tantas ao ponto de não se saber mais criador ou criatura Jesus ou Genésio mais verbetes que Wikipedia ou Larousse
Se tudo tem um motivo aqui também tem o personagem se perde nas próprias circunvolunções neurais um ser à espera da mãe ainda bebê (e não bbb) ele se lembra do quanto ela é o vazio que o habita
Eis-me aqui. Livro. Um personagem de um livro qualquer que seja um dia na vida desse personagem e ao final que ele continue e que o livro e o dia e o(s) personagem(ns) acabem
Juntos como o dia em que escutou agora o Abbey Road dos Beatles remasterizado e pensa quanto mais a gente avança mais retrocede one step foward two step backwards. O CD naquele momento tornou-se a Pedra de Roseta. Os Beatles a primeira banda que gostou de verdade e gosta até hoje e se não fossem os Beatles quem sabe hoje em dia seria do bicho.
Ele, o personagem saiu, voltou, entrou em alguns sites e procurou alguma coisa que e quando viu já tinha fumado mais um cigarro onde se passa esta novela? Em Marte?
Disse alguém Neste ponto meu amigo neste ponto é preciso dar uma virada, entende? Um ponto de virada uma coisa a mais uma mágica qualquer se vira não tô te pedindo pra transformar água em vinho nem a fórmula alquímica do ouro, mas pelo amor que tens aos Orixás, muda
alguma coisa Certo então avançamos para retroceder é isso é isso os Beatles remasterizados por exemplo belo exemplo meu amigo e nada mais nada mais goza de novo escuta e vai de carona certo música maestro
sexta-feira, 11 de setembro de 2009
VIAGEM DAS MÃOS - III
o big bang do texto a causa o acaso a coisa sem nada sem contorno nem vazio que caiba
restos de sobras nacos de fios migalhas de pó de coisa alguma escrever do começo do início de antes da intenção do impulso do ato do gesto incompleto
segunda-feira, 7 de setembro de 2009
VIAGEM DAS MÃOS - II
do se livrar do que se livrar e tudo bem se eu quiser passar o dia inteiro de pijamas e tudo bem se mais uma notícia imagem link vídeo música filme cena tédio já já tem outra coisa e tudo bem se não botei o pé pra fora hoje lá me encontro aqui
como o que fazer para quem o que quando como onde o que fazer
que se seja que do fundo da verdade seja mais que verdade mas que seja coisa viva que seja o que seja que seja em si o que para alguma coisa além do que é seja mais do que se
quarta-feira, 2 de setembro de 2009
VIAGEM DAS MÃOS - I
não pensa mão não pensa escreve o que em algum momento se pensou em dizer se é que pensou dizer palavras aqui dizer alguma palavra
Ecos distantes de e um pensamento talvez trazido por Marte já se provaram que certas bactérias atravessam o espaço o espírito é um só a matéria é quem comanda se a matéria é forte o espírito é forte e vice versa isso não só para quem escreve ou deixa de escrever ou deixar que as mãos façam o trabalho de escrever pois o trabalho é todo delas mãos ou mães é questão de opiniães
Poderia parar agora parar agora e depois continuar sem escrever e sempre que escrever testar alongar percurtir exigir mesmo que não se aplique em nada em coisa nenhuma coisa nenhuma viva coisa alma viva as alma
a escrita com vida própria assistida o mesmo para o resto do corpo
achar e depois esconder já faz um bom tempo que mãos escrevem tanto pior ou melhor tanto que
Palavra que
Facilita muito ou pouco o ato de deixar a mão correr tecla sem deixar espaço ou tempo para ortografia e ou pouco ou muito se enviesa o pensamento em uma ou mais direções assim é a escrita das mãos
Esta mão não pensa que escreve.
Não ouve o barulho das teclas.
Não sente.
Não sabe.
Não pode.
Não quer.
Esta mão só escreve:
“Que palavra é essa que tanto procuro tornar coisa viva que anda e respira?”
Esta mão escreve só até aqui.
sexta-feira, 28 de agosto de 2009
Paul Celan
segunda-feira, 24 de agosto de 2009
RASCUNHOS - II
Manaus, mana
Entre quedas de energia,
tropeços, internet lenta, calor de 44 graus,
a floresta pela janela do avião, notícias pelo celular,
o teatro lotado , mais calor,
mãe, tia, prima, sobrinha, irmão, irmã suavizam tempo quente
risos em família,
aqui me encontro , assim, sem idade definida
em busca do primeiro Açaí, o primeiro banho de rio, a primeira volta na praça,
poucas palavras, sentir demais, esforço para pensar
uma estante cheia de livros, a cabeça vazia e um beijo sabor Uxi
domingo, 16 de agosto de 2009
RASCUNHOS - I
texto
palavras
É números, eu me preocupo ou tenho me preocupado com números
191 milhões de brasileiros é gente à beça e eu já tô a pampa
RG CIC senha do banco celular contas a pagar noves fora
deve ser coisa da idade...8 anos, sabe?
Haha.
virou mais uma vez a cara da máquina de escrever e deu mais uma tragada no cigarro está bom por hoje
Às vezes eu acho complicado comprar um sabonete. Sério memo.
Complicada essa idéia de achar que o cigarro deixa mais criativo
As sinapses elas...
E as Mênades, como andam?
Vão bem, graças a Zeus.
TEXTO: Escrever é muito difícil.
FALA: Sinto-me culpado quando não escrevo. Essa fala não é minha é de uma entrevista com Antonio Lobo Antunes
e todos esses narradores e vozes seriam da mesma pessoa?
a gente veio aqui pra acumular conhecimento e depois voltar um pouco melhor talvez seja mesmo uma coisa cármica
Sério memo?
estou me referindo a
acúmulo de vozes e essa insônia que não passa é sempre assim depois da gira
hoje talvez tenha sido um pouquinho mais comovente
fascínio por rituais
“Oiá cresceu protegida por Oxum”
Penso em iansã penso em minha mãe o vento que abraça
Alguém ligou o rádio: “amigo é coisa pra se guardar...do lado esquerdo do peito...”
E eu não posso comer camarão
TEXTO : Silêncio
“E o coração lá…”
sexta-feira, 14 de agosto de 2009
Todo dia é dia D
Desde que saí de casa
trouxe a viagem da volta
gravada na minha mão
enterrada no umbigo
dentro e fora assim comigo
minha própria condução
há urubus no telhado
e a carne seca é servida
escorpião encravado
na sua própria ferida
não escapa, só escapo
pela porta da saída
todo dia é o mesmo dia
de amar-te, amor-te, morrer
todo dia é dia dela
pode ser, pode não ser
Todo dia menos dia
Todo dia é dia D
Torquato Neto
terça-feira, 11 de agosto de 2009
RIOBALDO, MIA COUTO E O HOMEM CONDESCENDENTE À DERIVA
- Me inventei nesse gosto, de especular idéia. – Sentenciou Riobaldo.
Ora vejam, cá está de volta o homem condescendente que entende que tudo é muito mais simples e que a natureza é mil vezes mais interessante e que nossos problemas são ridículos se comparados a imensidão dos mares rios montanhas e o céu de agosto mas logo logo o homem condescendente fica contrariado e pensa nos nóia pensa na cracolândia e pensa que será que ele mesmo já não se tornou um nóia? Um nóia da nóia? O nóia da nóia do nóia? Mesmo sem crack é o craque da nóia Que sujeito!
O homem condescendente pensa que dorme demais pensa em parar de comprar cigarros e achocolatados para começar a comprar cigarros de chocolate pensa em escrever o poema impecável e definitivo pensa que existe saudade de idéia e saudade de coração e quem é que sabe das contas do Estado? ninguém
- E vão demolir o puteiro? – Indagou.
- Tu já foste a Help? – Devolveu Riobaldo.
- Eu? Não tresmalho! - Respondeu feito Riobaldo.
E nada como uma sessão de cinema no meio da tarde Oh a beleza imaterial dos afetos E que coincidência ter um escritor neste filme, será o mesmo escritor do filme da semana passada? Começo a acreditar que sim Tudo é e não é
Riobaldo, Mia Couto e o homem condescendente sentaram por ali perto afinamos silêncios e o filme começou
domingo, 9 de agosto de 2009
EXERCÍCIO
Uma imagem do futuro espero chegar aos 80 anos com muitos netos puxando minha barba
Uma imagem do passado é uma imagem de infância voltas na Praça São Sebastião final de tarde cheiro de açúcar queimado sorvete de açaí e tacacá depois da missa o sino da igreja pontuando as horas o teatro iluminado
Hoje eu me debato com a vontade de ter alguma coisa para escrever
domingo, 2 de agosto de 2009
Eu gosto de andar na Praia de Copacabana
Eu gosto de andar na praia de Copacabana
Em dias assim de inverno que o sol vem pra aquecer a gente
Tem que aproveitar, dura pouco
No fim da tarde entra em cena um vento gelado, ártico. Brrr
E eu gosto é de andar com o sol a pino
Voltar pra casa suado e cheio de ideias
Nenhuma de ordem prática, a bem da verdade
Mas o simples fato de ter uma ideia é um sinal qualquer da própria existência
“Mas isso não impede que eu repita...”
Em cada quiosque um grupo de pagode.
Como tem turista em Copacabana, pela mãe do guarda!
É fácil reconhecer italianos. Eles falam com as mãos.
“Vejam...essa maravilha de cenário...”
Caipirinha, cerveja, côco e camarão
Tudibão
Que bela rima, negão
“Deixa a vida me levar...”
Gosto do jeito que certas mulheres olham em direção ao sol
Vai vendo
Eu fico como
Daquele jeito
Ah moleque
Olha o Drummond. Tão bonitinho ele.
Perdeu os óculos e a esperança
“De que serve esta onda que quebra
E o vento da tarde
De que serve a tarde
Inútil paisagem”
Lembrei dessa música
Quando toquei a areia com os pés
Lembrei de tanta coisa
E voltei pra casa.
sexta-feira, 31 de julho de 2009
COMO DESPEDIR-SE DE UM LIVRO
“Saiba, meu pobre coração não vale nada, pelas três da madrugada, toda palavra calada...”
- Alô! Zeca! Onde cê tá, bitchô? Bom, seja onde for se manda daí. Cê tá fudido. Tá sabendo né? Deu merda e a casa caiu, véi. Tô me sentindo assim meio o Nissim, nessa de te dar uns toques, mas cê num aprende, né? Zeca? Tá me ouvindo? Tô parecendo a Lia? Cê abre os imeio dela? Quando cê vai acabar seus roteiros? Cê tem talento, cara. Cê sabe né? Cê devia ser ator. Foi a Sossô, ou foi a Josi que falou isso? Você é um puta cara, bitchô! É só dá um tempo. Bom, tenho certeza que cê tem um plano Z aí na mioleira. Por que cê não liga pro Margarido, meu querido? Ou liga pra Sossô e...aliás, liga não. A essa altura do campeonato, a fofoletetéia deve ter esvaziado todo o HD do note e se mandado junto com o Melquíades, isso se o Roquetão já não tiver enquadrado todo o cast da surubrâmane. Bom, tenho certeza que cê vai sair dessa. Pra logo mais entrar em outra, como é bem típico na putana dessa tua vida. Sei lá, pensa no Pedro. Sei que cê tem saudades. É o seguinte ó, só queria dizer que a tua Pornopopéia não vai ter fim. Virou top 20 das melhores leituras e boas referências...feito Panamérica, Grande Sertão, Moby Dick, Me Segura, Folhas da Relva, Animal Tropical, O Náufrago, Uivo, Pé na Estrada, Oeste de Roma, filmes de Sganzerla, Tonacci, Moniceli, Glauber, Cassavetes...Tudo embalado e enrolado pelo main theme “Três da Madrugada” de Torquato Neto e Carlos Pinto que não pode faltar em uma Pornopopéia que se preze, com o perdão do trocarilho. Fiquei afimzão de começar o “Portnoy” do Philip Roth que você leu lá em Porangatuba. O Ingo passou aqui e falamos de você. É claro que ele trouxe a cítara. Rachamos o bico de tanto rir. É, meu camarada, concordo quando você diz que a vida pode ser uma experiência partilhada de desencanto e confusão e ao mesmo tempo pode ser divertida e pornográfica se você tiver olhos atentos. O que acaba de me inspirar um hai cai infame, porém incontrolável :
No Limite da vontade
e cuma puta vontade
toda Pornopopéia
termina e começa
cheia de Som e Fúria
Como você mesmo diz, amice: Do not jump into conclusions. Ba-ai!
quinta-feira, 30 de julho de 2009
MILES DAVIS EM 6 TEMPOS
1
percorrer a trilha
sonora paisagem rotineira.
2
Aqui dentro faz sol
Aquece o peito
E a tarde muda.
3
Amar o lugar é amar a palavra do lugar.
4
Poema: Pequeno pedaço de oração.
5
Você é assim de gestos
bêbados a contar miragens perpétuas.
6
nada é imutável.
quarta-feira, 29 de julho de 2009
Para Dylan e Ginsberg
Eu estava com você no dia em que
escalei montanhas que emergem para além dos olhos, que visitei o despertar chuvoso dos subúrbios, que sobrevoei cidades onde cães andam de cadeira de rodas, que acordei em algum hotel ordinário na Glória às cinco da madrugada com crise de asma,
que fui dado como desaparecido, entre traficantes, no meio do Pacífico, que protestei contra a Guerra, qualquer uma delas, que assinei notas promissórias para Rui Barbosa, que me entupi de quindim em Feira de Santana, que frequentei bares na beira do Rio Vermelho onde li e reli Jorge de Lima,
que perdi a razão no carnaval de Santos, que passei pelos incríveis rituais de sobrevivência na boemia mineira, que na Rua do Livramento eu ateei fogo em uma lixeira para um grupo de turistas fotografar,
que eu bebi para me confessar, que estive em uma cidade onde a população cansou de andar vestida, tiros gritos e correria na Serra da Canastra, que a gente dava passeios no Itororó, que descobri que tem gente nesse aborrecido mundo que mata só pra ver alguém fazer careta,
que fiquei sem amor como espelho sem imagem, que parei numa sala onde um homem contava o dia em que escalou bêbado e nu, vinte carros de polícia estacionados, que decidi que tudo o que eu viesse a escrever estaria contido de você.
Na foto, o cantor Bob Dylan e o poeta Allen Ginsberg em frente a lápide do escritor Jack Kerouac.
segunda-feira, 27 de julho de 2009
MOBY DICK
“Estamos em pleno mar...”
Castro Alves
Um dos primeiros romances que li na vida foi a história de Moby Dick, a baleia branca. Tudo bem, “li” é maneira de dizer. Não lembro se ganhei de presente ou era um livro que pertencia a meu pai, o fato é que eu não saia de perto do livro e nem o livro saia de perto de mim. Era uma dessas edições grandes, como essa agora da “Cosac Naif” cheia de ilustrações e uma capa com uma baleia branca descomunal quase destroçando um pequeno bote. Cada vez que lia um bocado, eu voltava para a capa e quase recomeçava o livro de novo de tão fascinado.
Como já disse, era uma edição ilustrada, cheia de mapas, rotas marítimas, animais marinhos e muitas baleias. De todas as formas. Também cenas de caçadas implacáveis, homens e seus arpões em botes mínimos contra verdadeiros monstros. Parecia um livro infinito. Lembro de ficar pasmo com a quantidade de histórias e personagens interessantes descritos ali e ao mesmo tempo, todas elas pareciam falar de um homem apenas. Ahab, o capitão. O capitão da alma.
“Sou o senhor do meu destino,
Sou o capitão de minha alma!”
Moby Dick arrancou a perna de Ahab, durante uma caçada. Agora, Moby Dick precisa morrer. É a mania de Ahab. A bordo do Pequod, conduzido durante três anos por uma tripulação formada por renegados, náufragos, canibais, um índio, um negro, o jovem Ishmael e três esplêndidos imediatos, e com a coisa toda envolta em praticidade e loucura. A indústria americana? O navio, símbolo do nosso mundo civilizado? O navio da alma de um americano? O que é então Moby Dick ? O mais profundo sangue da raça humana, nossa mais profunda natureza sanguínea, o mal que habita em todos nós? Fustigam as velas e o escritor D.H. Lawrence em um belo ensaio sobre o livro.
Meu segundo encontro com Moby Dick foi no cinema. O filme de John Huston com Gregory Peck no papel de Ahab e roteiro de Ray Bradbury selou minha relação de amor por este livro para sempre. Mais tarde, na galeria de “monstros de minha infância”, Moby Dick se diluiria um pouco, com a chegada de King Kong, Tubarão e...Conan, o bárbaro.
Ontem fui ver a adaptação teatral de Moby Dick dirigida por Aderbal Freire-Filho. Atores excelentes, dramaturgia idem e eu ali, mais uma vez embarcado em uma nova e ao mesmo tempo antiga viagem. E mais uma vez a baleia venceu. Fui engolido por ela. Feito Jonas, a tripulação do Pequod e o público ali presente.
Chego em casa e, mais uma vez, abro Moby Dick no início e leio sua primeira frase: “Trate-me por Ishmael.” Ou por “H”, pensei.
sexta-feira, 24 de julho de 2009
Leituras - IV
MINHA VIDA INTEIRA
Aqui outra vez, os lábios memoráveis, único e semelhante a vós.
Persisti outra vez na aproximação da ventura e na intimidade do sofrimento.
Cruzei o mar.
Conheci muitas terras, vi uma mulher e dois ou três homens.
Amei uma menina altiva e branca, de uma hispânica quietude.
Vi um arrabalde infinito onde se cumpre uma insaciada imortalidade de poentes.
Saboreei numerosas palavras.
Acredito profundamente que isso é tudo e que não verei nem farei coisas novas.
Acredito que minhas noites e meus dias se igualam em pobreza e em riqueza aos de Deus e aos de todos os homens.
Jorge Luis Borges – Primeira Poesia
quarta-feira, 22 de julho de 2009
ENQUANTO ISSO, NA FILA DO HOSPITAL...
- Próximo.
- É meu menino.
- O que é que ele tem?
- Gripe suína.
- Como a senhora sabe?
- Ele tá com diarréia.
- E o que mais?
- Mais nada. Só diarréia.
- Então ele está com diarréia. Não está gripado, minha senhora.
- Mas disseram que se ele tivesse diarréia era porque tava com a gripe.
- A diarréia é um dos sintomas da gripe.
- Então ele tá gripado.
- Mas ele precisa apresentar outros sintomas pra que se caracterize um quadro de gripe suína.
- O quadro, meu senhor, é que meu filho tá mijando pelo cu. Aquela porra do valão lá perto de casa faz isso com tudo que é criança. O senhor sabia que já morreram umas cinco só esse mês? Não quero que meu menino morra nem de diarréia, nem de bala perdida. Tá certo?
- Se a senhora tiver um pouco de paciência.
- Já morei lá também, meu senhor.
- A senhora faz o seguinte. Dá esse remedinho aqui pra ele, se ele piorar, a senhora volta aqui. Não precisa entrar na fila. Vem direto falar comigo.
- Só isso?
- Sim. E lave as mãos.
- Pode deixar. Quando chegar água lá em casa eu lavo.
terça-feira, 21 de julho de 2009
LEITURAS - III
Quem dera eu achasse um jeito
de fazer tudo perfeito,
feito a coisa fosse o projeto
e tudo já nascesse satisfeito.
Quem dera eu visse o outro lado,
o lado de lá, lado meio,
onde o triângulo é quadrado
e o torto parece direito.
Quem dera um ângulo reto.
Já começo a ficar cheio
de não saber quando eu falto,
de ser, mim, indireto sujeito.
Paulo Leminski - Distraídos Venceremos
segunda-feira, 20 de julho de 2009
domingo, 19 de julho de 2009
LEITURAS - II
“- Agora vai dizer em voz alta, e sem pensar, tudo que lhe vier à cabeça. Relaxe o mais possível e nada de escrúpulo.
- Escrúpulo. Cabeça. O oceano é azul. Que calor está fazendo. A morte de Danton. As metamorfoses de Ovídio. O senhor é uma besta. Com quantos paus se faz uma canoa? Vinte e um, vinte e dois, vinte e três, vinte e quatro. As laranjas da Califórnia são deliciosas. Umbigo. Rapadura. Otorrinolaringologista. É a tua, mulher nua, vou pra Lua, jumento, pára-vento, dez por cento, Catão, catatau, catapulta que o pariu, catástrofre, caralho, os medos, os vegas, as vegaminas, as sulfas e as para-sulfas, diametilaminatetrasulfátosódico, porra de merda, argentino, argentário, argentículo, testículo, laparotomia, Boris Karloff, Irmãos Karamazov, Irmãos Marx, Marx, Engels, Lenin, Lenita, onomatopéia, onomatopaico, onanista, ovos de Páscoa, jerimum, malacacheta, salsaparrilha, Rzhwpsykj, Celeste Império, semicúpio, Salazar, sai azar, seis e vinte da manhã, Dadá, Dedé, Dodô, Dudu, holofote, oliveira, olá Olavo, Alá, ali, alô sua besta já não basta?…
- Basta.
O sábio agora me olhava atentamente, o lápis suspenso no ar, o bloco de papel com rascunhos sobre o joelho. Sua máscara traia uma grande inquietação, como se temesse alguma coisa ou já começasse a por em dúvida a minha sanidade. Até que, simulando uma calma absoluta, arriscou com o ar mais natural deste mundo:
- O senhor já foi à Bulgária?”
Campos de Carvalho – O Púcaro Búlgaro
quinta-feira, 16 de julho de 2009
ONDE LÊ-SE DIA LEIA-SE NOITE
Ah, nada como andar por Copacabana para dar uma arejada e desopilar as idéias. Frase mais clichê impossível, mas agora já foi. Sentir o vento gelado na cara, olhar para cima, para o alto dos prédios e me dar conta que há muito tempo não olho para cima. Vejo vitrines, vejo butiques, só não vejo quem eu quis. Luiz Melodia no headphone e o marulho da cidade.
Eles voltam do trabalho e eu leio as manchetes. Leio que proibiram o “funk”, a diversão da rapaziada. Isso não se faz, pensei. É uma pouca vergonha, disse a tia do meu lado. Minha senhora, pouca vergonha é este seu cabelo azul que me deixou sem argumentos.
Então caminhas. Tô na PJ. Prado Junior. PJ Harvey. Tá tranqüilo. Um sanduíche no Cervantes e um chopp raro de se beber naquela hora do dia. Hoje eu desconfio bem mais do rapaz que me serve do que ele de mim, não tenho dúvidas. Nem dívidas quanto a isso. A sobremesa na Fornalha. Observar o movimento e a pilha dos moradores. Os transeuntes me agitam. A marra do negão fumando cigarro e abordando o gringo.
- Ten dóla. Control of de mete.
- Sculpe, sorry...
- Trepeite, forniqueite, maico jécson.
Gringo sai batido, meio com medo, meio de saco cheio. Eu também caio fora. Saio saindo. Cresce ao redor o zunido e o chiado do vento.
quarta-feira, 15 de julho de 2009
LEITURAS - I
CONSOLO NA PRAIA
Vamos, não chores.
A infância está perdida.
A mocidade está perdida.
Mas a vida não se perdeu.
O primeiro amor passou
O segundo amor passou.
O terceiro amor passou.
Mas o coração continua.
Perdeste o melhor amigo.
Não tentaste qualquer viagem.
Não possuis carro, navio, terra.
Mas tens um cão.
Algumas palavras duras,
em voz mansa, te golpearam.
Nunca, nunca cicatrizam.
Mas, e o humour?
A injustiça não se resolve.
À sombra do mundo errado
murmuraste um protesto tímido.
Mas virão outros.
Tudo somado, devias
precipitar-te - de vez - nas águas.
Estás nu na areia, no vento...
Dorme, meu filho.
CDA
segunda-feira, 13 de julho de 2009
domingo, 12 de julho de 2009
ESTE MUNDO ESTÁ TODO TUITADO OLHA AÍ, TÁ TUITADO
Tá tuitado, tá tudo tuitado. Cara, eu tenho uma relação de amor e ódio c o Twitter. A única “pessoa” que eu realmente me interessei em seguir foi o Snoop Doogy Dogg, mas a única coisa que ele tuitou foi: TWITTLE MY TWIZZLE. Ele ou o perfil falso dele? Jesus tuitou assim: “Fui comer um hambúrguer.” Mas não era a Madonna?! Haha. Vou de Maria Rita Kehl: COMO SE DÁ A RELAÇÃO COM O SEMELHANTE NUM CAMPO DOMINADO POR FORMAÇÕES IMAGINÁRIAS?
O fato é que no Twitter, certas colocações podem ter o mesmo efeito que soltar uma bufa em um elevador lotado. São muitas opiniões, links, citações, desenhos, fotos, significados, significantes, reviravoltas, trocas de turno, abobrinhas, patacoadas, reportagens, lançamentos, guerras declaradas, ódios, amores destilados e fermentados em verso, prosa e piada de, nominimo.com de 140 caracteres por baixo, isso de acordo.com o tuitorial: “Twitter for Dummies”. Tem gente daqui que escreve em inglês! Tipo, a pessoa tem amigos no exterior? Ou é pra dar uma valorizada? Ao invés de: “Eu amo as flores do meu jardim” tuita: “I Love the flowers in my garden.” Qual o subtexto q ces lêem? Eu leio “Galera, fiz CCAA e amo The Police.” Aliás, acho que vou tuitar isso. Tuitar daqui em inglês é mole...quero ver é gente de lá tuitar em português. Ô lingüinha difíce! Ê-ê.
Acho. Só isso. Só acho. Só. Não tenho certeza. De nada. Ou quase nada. Só acho. Como eu disse, é uma relação de amor e ódio. Porém, uma coisa me faz pensar que esta talvez seja a pior forma de solidão internética possível e passível. Ah, mas como deixar de falar da revolução do Irã-Contras? E o casamento do Pato com a Gripe Suína? E o funeral do travesti do Ronaldo? E o onze de setembro de MJ? E o ônibus 174 incendiado ontem? E essa coisa de distribuir prêmios para quem estiver te seguindo não devia ser adotado como programa de governo? Dá pra compartilhar um Blues, aí, amigo? Mais bacana que a sua TV ectoplasmática, eu agarantio. Vou de Maria Rita Kehl, de novo: A FAMA VEM A SER O SUBSTITUTO DA CIDADANIA? Jo, e não o Jô, me pergunto lo mismo entre otras cosas que tuitter me acostumbraste... Mas, estamos todos dispensados de pensar sobre isso agora. Manda e-mail mais tarde ou Bjomeliga?
quinta-feira, 9 de julho de 2009
MUNDO, HOMEM, ARTE EM CRISE
Galera, Strokes e tal papapa aquela banda de lá que em 2001 lançou um disco incensado por vários Nag Champados da imprensa especializada e que realmente era muito boa. E pq é legal quando a indústria fonográfica (ainda existe isso?) lança coisas assim como foi com o Nirvana e uma lista de várias outras bandas legais.
Lembro que na época, eu e meu amigo Frederico acompanhávamos atentos a evolução dos Strokes. A cada lançamento de single (ainda existe isso?), os Nag Champetes da Folha de São Paulo ilustravam a ilustrada de capinhas e fotinhas e criticazinhas e que tava disponível pra baixar na dona internet. Lembro bem ou posso estar inventando que o “Caderno Mais...ou Menos” também analisou a proposta esteticamente organizada dos Los Strokes em uma coisa CBGB No New York DNA Television Talking Heads Stooges Ziggy Pop e eu concordo, concordei e só não bati cabeça porque hoje já tem lugar pra isso. Aliás, o barato em bandas e bandanas é isso o lance de se mimetimomentaneizar na banda ou bandana do momento em uma coisa que já foi mas também pode ser e que na verdade já é ou já era. STROKES era meio tipo isso.
Mesmo com todos os quatro pés atrás, fui atrás de THE MODERN AGE e fiquei boladão. Daí, amigo, ladeira abaixo. Ou acima. Arriba abajo a los quatro puntos cardinales os caras acertavam em todas. Depois veio NEW YORK CITY COPS, acho, que não curti muito por que a polícia daqui é melhor pra não dizer ao contrário que a dos caras. Na sequencia seqüela mandam ou mandei LAST NITE um misto de Phil Spector com uma pegada Ramones end of the century e guitarras! Guitarras! Guitarras, véio! Quanto tempo não ouvia uma guitarra soar riffs daquele jeito que não fosse em discos hours concours tipo sonic youth q não conta, é outro objeto fundado em sua própria identidade. E não me encham o saco com essas porras de pagodeiros ensaboados. Tem uma música que se chama “Não faz isso comigo”(?!)...bitch! um desses sujeitos aí...porra, não faz isso comigo? Se ele acrescentasse o porra no início da frase, eu até comprava a patacoada patacotuitada.
Atualizando Chubby Checker: “Let´s Twitt again”.
A conversa com o Strokes era essa: Bastidores do show biz, relacionamentos, alienação social, cinismo, artistas e seus “produtos” no salão de mais de mil palhaços, política cultural burocrática (ou...posso estar viajando, devo estar.) Oh, people they don't understand No, girlfriends, they won't understand In spaceships, they won't understand And me, I ain't ever gonna understand...Last nite she said…
HARD TO EXPLAIN o que senti hoje ao over ver a um palmo da cara um quadro de CHAGALL na exposição “VIRADA RUSSA” no CCBGB. FILONOV, KADINSKI, MALEVITCH e o supremo suprematismo Caralhorovorovitch e Isto é e era pra ser um post sobre a respeito das teorias Chagallianas sobre projeções ao passado e ao futuro aplicando as leis do desejo cubista e suas descrições de realidade através de reminiscências, ou que mais sua imaginação pintar, camarada tovarich.
Tava russo de bater a Rússia em uma época que vicejava o teatro com Meyerhold que não tava de bobeyerhold, artes plásticas com Kandisnki, Chagall, Malevitch (Malevitch é outro papo, mais adiante, segura essa, bitchô.) na pintura. Tatlin, Pevsner e Gabo na escultura, isso sem falar na voz dominante e dominadora de Maiakósvski na poesia e nas “glórias nascentes” do cinema...quem quem? Raimundo Nonato Eisenstein. É brincadeira, meu? Por que ainda não tem nenhuma novela que se passa na Rússia e alguns brasilorussos da bieolprússia abrem um bar russo na Lapa? Tem um brasileiro nos Strokes. Aliás, sempre tem um brasileiro na jogada, já reparou? Haren Bepe!
Condições econômicas, políticas e políricas cruéis que se agravaram não permitiram um maior e mais prolongado desenvolvimento daquelas experiências. Mais ou menos como aqui, não? Como aqui, como ali, como em todo lugar herethereandeverywhere.com O que é espantoso é que aquelas experiências frutificaram, floresceram, desenraizaram, bombaram e ao contrário de muitos de seus experimentadores, não desapareceram. Vi Frank Miller, Fleshbeck Crew e Zulu Nation me acenando de mãos dadas. Acho que nem no lugar mais colorido do planeta possa ser que exista tal combinação de cores. Os russos nos apresentam um outro planeta. Outras perspectivas. E avenida em russo quer dizer perspectiva. Avenida Sarneyevski, perspectiva Sarneyevski.
Agora um trecho de um poema do velho Maiaka e depois um clip dos Strokes. Nasdaróvia!
“Perdidos em disputas monótonas,
Buscamos o sentido secreto,
Quando um clamor sacode os objetos:
“Dai-nos novas formas!”
Não há mais tolos boquiabertos,
Esperando a palavra do “mestre”
Dai-nos, camaradas, uma arte nova
- nova -
Que arranque a República da escória.”
terça-feira, 7 de julho de 2009
OLHARES E OLHOTAS
ATO 1 - Tá vendo aquele ali sentado na cabeceira da mesa? É um escritor. Basta olhar para as sobrancelhas arqueadas a mão apoiada no queixo e a coçadinha na testa. Papo pós-feira-estréia-velório-festa as dez e meia da noite no Leme enquanto uma queima de fogos no Arpoador anunciava o que mesmo anunciava a chegada de mais um loqui carregamento de armas ou a independência dos eua eua, hein o golpe em Honduras a truculência chinesa la chinoise de Godard indicar para Adaílton e tb Band-a-Part, Acossado, Viver a Vida, Tudo Vai Bem aplicações homeopáticas de tintura godardiana, penseipensar alguém me disse adoro ser conduzida eu disse eu também adoro qd me pegam pela mão adoro ser conduzido dirigido guiado levado deve ser por isso q n sei dirigir ainda
[vagar sozinho e cantar]
ATO 2 - Fico pensando...das duas umas...três da tarde achei na banca de revistas por 19,90 uma pechincha e comecei a ler “A Vida Sexual de Catherine M.” biografia de Catherine Millet, crítica de arte que relata suas experiências sexuais com vários homens e mulheres muitas vezes ao mesmo tempo em lugares os mais insólitos com uma narrativa seca e natural sem parecer comercial de absorvente li as primeiras cinco páginas mas depois me senti traindo a surubrâmane de Reinaldo Moraes e voltei correndo pra lá depois volto para as orgias existencialistas bom isso de escolher a melhor bacanal que vou me meter no bom sentido é claro sempre é ainda mais com essa coisa que parece que todo mundo só fala de um assunto só mas são vários afluentes e várias irrigações do mesmo assunto e de vários outros desde “acordei agora” a “não estou com saco de trabalhar” duas frases que não agüento mais ler por aí...
ATO 3 - CENA DO TÁXI - Talvez por ser o sétimo dia útil do mês que tá esse trânsito todo pq tem cara que só sai de carro nesses dias que nem aqueles que sai domingo só daí fica assim não é nada é muito carro mesmo muita gente deve ter gente que por causa do banco fechar as quatro o dia fica mais curto né não? Sábado fui na feira c minha mulher a gente tá lá tomando cerveja e adivinha começou a chover foi água até o meio da barraca mas é assim p quem quer tomar uma cerveja, dançar um forró comer carne seca e aquela chuteira de ouro? É de ouro mesmo? E o Sarney? É safado mesmo esse cara? É ou não é? E o Michael? Morreu, né rapá. Tá vindo da onde? Muito frio por lá? Vai ficar onde? Leme? Ah tá
EPÍLOGO - Encontrei Megan Fox às quatro da manhã em uma banca de revistas olhei p ela que a princípio estranhou mas depois foi muito receptiva afinal de contas o q n falta é assunto se deixar vai até de manhã até zerar até atingir o zero o grau zero da escrita falei para Megan vamos começar um novo país? Do zero, certo? Megan Fox achou mega fake e disse mais tudo é movimento, tudo é mudança o conhecimento de muitos está contido em um e o conhecimento de um está contido em muitos. Qualquer coisa pode acontecer, portanto, prenda a respiração e pule!
domingo, 5 de julho de 2009
ESTÓRIAS REAIS – I
Três da manhã. Outra vez. Outra vez corpo e mente funcionando como se fosse meio do dia. Outra vez pronto para a ação sem ter o que fazer. Outra vez pronto para fazer qualquer coisa que lhe traga o cansaço. Uma discussão que o distraia e dê sono. Qualquer estupidez que o entedie profundamente. Qualquer porra menos ler, ver televisão ou simplesmente ficar deitado na cama. Tentativas já esgotadas de
“Tente relaxar...” Disse a voz do rádio (até o rádio ligou). Deve ser algum programa de crentes insones, pensou. “Tente relaxar isso!” falou para o rádio com o dedo médio em riste. Nada de álcool ou béqui, pensou, alternativas por demais estimulantes não poderiam ser cogitadas. Não àquela hora. Ouviu o famigerado “plin-plin”. O vizinho ainda assiste televisão. Não era a única pessoa acordada na cidade, pensou. Mesmo assim sentiu desconforto. O mundo parecia hibernar. Por ser inverno, talvez. Ninguém na rua, nem na internet. Nem os três “Ps” (Pizza, Puta e Playstation) vão assistir ao formidável enterro de tua última quimera. A essa hora meu chapa, é rosca. Zero. Finito. Game over. Toma uma ducha fria, fecha os olhos e dorme, fidapu. Aquele teu chazinho de Camomila da Índia não faz mais efeito nem aqui nem em Nova Déli. Hare babaca.
Mais uma noite de sonhos intranqüilos, pensou Kafkianamente. Na verdade, já não lembra mais da última vez que sonhou. A única coisa que não consegue tirar da cabeça é que naquela semana contou por três vezes para três pessoas diferentes como chegou até aqui, o que faz para viver, porque voltou para a antiga casa dos pais, quais são seus piores defeitos, suas melhores qualidades, seus três desejos imediatos, contou a própria vida três vezes para três pessoas diferentes. Três. Três da manhã. Agora três e cinqüenta e quatro. Três é a Imperatriz no Tarô, pensou. Busca de calor, proteção, segurança, prazer e êxtase. A mãe. A terra. As origens, as raízes. Do ventre à gruta, dos intestinos aos labirintos, da respiração à tecelagem, veias artérias sol lua coluna vertebral eixo da Terra...Princípios femininos dando pico de audiência na mioleira. Tudo complexo demais para ser abordado a essa hora pensou, mas tudo a ver com essa busca de...Um cheiro de café invade as breubas da madrugada. O vizinho desligou a TV tem tempo já
sexta-feira, 3 de julho de 2009
10 PERGUNTAS (AINDA) SEM RESPOSTAS (AINDA) SOBRE A MORTE DE MICHAEL JACKSON
10 – Cadê o corpo?
9 – Quem é o pai biológico do filho de Billie Jean?
8 – Assim como o Kung Fu e o Sarney, foi asfixia auto-egóica?
7 – A voz na secretária eletrônica é de King Jong Ill?
6 – Quem é o perfil falso de MJ no Twitter?
5 – Humberto Cunha, Raul Cadore e MJ são a mesma pessoa?
4 – Qual era a cor da luva branca de MJ?
3 – O velório será no Dona Marta?
2 – Carlinhos de Jesus será o novo coreógrafo de “Thriller”?
1 – Amy Winehouse deve ficar com a chave da despensa?
quinta-feira, 2 de julho de 2009
PUNHETOCRACIA
“This is a VCX presentation...” Anunciava a voz sensual da maioria dos filmes pornôs alugados as pencas e as pressas da locadora. O recorde foram sete no mesmo dia. E tudo pra devolver no dia seguinte. O lance era ver tudo na madruga, na moita. Comentar durante o jantar que o filme do “Corujão” daquela noite seria imperdível, esperar o povo se recolher e pau na máquina. Antes, rezar para Onan que os quatro cabeçotes do vídeo não se descabeçassem ao mesmo tempo. Uma fita presa dentro do aparelho era top 5 das situações constrangedoras. Principalmente pra quem tinha um vídeo-cassete para a casa toda. Uma vez, o amigo não sei de quem passou pela humilhação de ter que ir ao técnico junto com os pais e resgatar “As 100 Melhores Gozadas de Todos os Tempos” toda enrolada dentro do VHS. Ele inventou uma história para os pais que estava assistindo “Rocky, um lutador”. Aham. Punheteiro não sabe mentir.
Quando o filme era ruim, a vontade era de tacar a fita junto com o aparelho pela janela e que tudo se espatifasse na cabeça do dono da locadora que teve a coragem de colocar aquilo pra alugar. Mas, depois entendi. A capa era feita pra enganar. E como enganava. Não existe capa de filme com mulher gostosa que não afunde na lagoa de hormônios dos all the young dudes. O VHS era realmente a ilha de salvação do adolescente em fúria.
Fora isso, as revistas. Lembro de ficar impressionado com a coleção de “Status” que circulava livremente na casa do tio de um outro amigo. Praticamente um Jardim das Delícias no caos de Copacabana. Além da mulherada de pouca roupa ainda tinha entrevista com Jorge Luis Borges, artigos do Ivan Lessa, tiras do Henfil...Eu pensava: “Que gente mais prafrentex. Lá em casa tenho que esconder tudo na mangueira de incêndio que fica no corredor e ainda arrebentar o cadeado toda semana.” Era coisa pesada: “Fiesta”; “Close Up”; “EleEla”, nada de “Playboy” que era revista pra quem ainda não sabia ou não sabe o que é putaria. Mal comparando, é tipo “Malhação”, que é um programa pra quem não sabia ou não sabe o que é novela.
Desde aquela época, uma pergunta que não quer calar: “Por que mulher não gosta (ou não “curtiu isso”) de filme pornô?” Ah, é porque tem que ter história...Ah, é porque os caras são uns pafúncios...Ah, é porque tudo é muito machista...O mais impressionante é que assim como em boteco não existe “petisco diet”, não há resposta pra isso. Talvez elas tenham razão. Talvez elas tenham razão desde sempre. Só nos resta concordar e bater cabeça pra Wong Kar-Wai. Ou não.
Pra que essa volta toda? Só pra dizer que Sarney, Michael Jackson, Farah Fawcett, Kung-Fu e outros quetais me remetem e remontam aos confusos anos 80. Uma época inteira vista de dentro do Box Blindex da Sesosbra. Os anos 80 ainda assombram nossas mentes, paus e xotas no estica-e-puxa do estímulo auto-erótico de lamber e não tratar da próprias feridas. Agora só falta alguém me dizer que o Ron Jeremy também marreu.