domingo, 5 de julho de 2009

ESTÓRIAS REAIS – I

op27

Três da manhã. Outra vez. Outra vez corpo e mente funcionando como se fosse meio do dia. Outra vez pronto para a ação sem ter o que fazer. Outra vez pronto para fazer qualquer coisa que lhe traga o cansaço. Uma discussão que o distraia e dê sono. Qualquer estupidez que o entedie profundamente. Qualquer porra menos ler, ver televisão ou simplesmente ficar deitado na cama. Tentativas já esgotadas de

“Tente relaxar...” Disse a voz do rádio (até o rádio ligou). Deve ser algum programa de crentes insones, pensou. “Tente relaxar isso!” falou para o rádio com o dedo médio em riste. Nada de álcool ou béqui, pensou, alternativas por demais estimulantes não poderiam ser cogitadas. Não àquela hora. Ouviu o famigerado “plin-plin”. O vizinho ainda assiste televisão. Não era a única pessoa acordada na cidade, pensou. Mesmo assim sentiu desconforto. O mundo parecia hibernar. Por ser inverno, talvez. Ninguém na rua, nem na internet. Nem os três “Ps” (Pizza, Puta e Playstation) vão assistir ao formidável enterro de tua última quimera. A essa hora meu chapa, é rosca. Zero. Finito. Game over. Toma uma ducha fria, fecha os olhos e dorme, fidapu. Aquele teu chazinho de Camomila da Índia não faz mais efeito nem aqui nem em Nova Déli. Hare babaca.

Mais uma noite de sonhos intranqüilos, pensou Kafkianamente. Na verdade, já não lembra mais da última vez que sonhou. A única coisa que não consegue tirar da cabeça é que naquela semana contou por três vezes para três pessoas diferentes como chegou até aqui, o que faz para viver, porque voltou para a antiga casa dos pais, quais são seus piores defeitos, suas melhores qualidades, seus três desejos imediatos, contou a própria vida três vezes para três pessoas diferentes. Três. Três da manhã. Agora três e cinqüenta e quatro. Três é a Imperatriz no Tarô, pensou. Busca de calor, proteção, segurança, prazer e êxtase. A mãe. A terra. As origens, as raízes. Do ventre à gruta, dos intestinos aos labirintos, da respiração à tecelagem, veias artérias sol lua coluna vertebral eixo da Terra...Princípios femininos dando pico de audiência na mioleira. Tudo complexo demais para ser abordado a essa hora pensou, mas tudo a ver com essa busca de...Um cheiro de café invade as breubas da madrugada. O vizinho desligou a TV tem tempo já

2 comentários:

Maira disse...

Vc q é mto pouco interativo, td bem, pq inclusive solidão é último grito do luxo nessa era de redes sociais bombantes in real time 24h. Mto fino. Eu, por exemplo, postei no Facebook 6a q ia ficar em casa, apareceram aqui 2 amigos pra me arrastar pra night. Impossível se isolar se não desligar a internet. hehehe

Mariana Valle disse...

adorei esse
bjs