sexta-feira, 1 de maio de 2009

TUDO VAI BEM

Tout-Va-Bien-02_cmyk

Jean-Luc Godard por Jean-Luc Godard:

“Eu tentei criar imagens simples e descomplicadas, precisamente para mostrar a complexidade da situação. “Tudo Vai Bem” é um filme sobre a França em 1972. Usando uma greve violenta em uma fábrica de linguiça para mostrar as forças sociais presentes. As três forças sociais na França presentes naquele momento eram os empregados, os patrões e os sindicatos. Também quis mostrar os esquerdistas, aqueles que estavam cheios de tudo. Quis mostrar essas três forças sociais no mesmo espaço físico ao invés de primeiro descrever os indivíduos, descrevi as massas e sua a força de luta. Porque era real. Era o que estava acontecendo na França, era uma luta violenta entre patrões e empregados.

Tout_Factory

 

 

 

 

 

 

 

 

Sempre que me acusam é desse jeito: “Ah, você quer fazer filmes sobre a classe operária mas você não sabe de nada.” Eu respondo que não é tão simples assim. Primeiro que é normal o jeito que faço os filmes. Até um filme cheio de boas intenções pode ser considerado muito ruim. Eu penso que o desafio não é fazer filmes “em nome de” e sim falar em nosso próprio nome.

Um trabalhador que compra uma câmera e filma suas férias está fazendo um filme político. É o que eu chamo de filme político. É o único filme que ele pode fazer. E só acontece porque é permitido, porque ele está de férias. Mas, estranhamente, ele não pode filmar o próprio trabalho. As câmeras são proibidas nas fábricas e no ambiente de trabalho.

O sacro-santo “direito de trabalhar” é um velho clichê entre os trabalhadores da França que eu quis mostrar como um informante, um cineasta. Com o meu direto de trabalhar enquanto cineasta, posso dizer que é tão difícil de realizar em qualquer lugar que seja permitido filmar. Porque nós vivemos sob o reino da propriedade privada. Onde não é permitido filmar nem nos lugares públicos. Eu não tenho o direito de filmar no metrô, em um museu, em uma fábrica, ou em um aeroporto. Eu não tenho o direito de filmar em nenhum desses lugares. Onde está meu “direito de trabalhar”?

O explorador, jamais vai contar para o explorado como realiza a exploração. Somos nós que vamos contar. Precisamente, este é o trabalho do cinema, da imprensa e da televisão: contar. A grande diferença é encontrar dentro desse campo uma nova maneira de contar para que finalmente, sejamos capazes de dizer uma outra coisa.”

tudovaibem

E bom feriado.

2 comentários:

paoleb disse...

jean-luc é PHoda.

Poliana Paiva disse...

Encontrar uma nova maneira de contar, para, finalmente, dizer uma outra coisa...

Que beleza de definição!