segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Arte



Segundo tudo indica, o artista age como um ser mediúnico que, num labirinto fora do tempo e do espaço, procura o caminho que o conduzirá a uma clareira.

Sei que aqui o que digo não é aprovado por muitos artistas, que recusam o papel mediúnico e insistem na participação da consciência no ato criativo; contudo, a história da arte tem identificado com coerência as virtudes de uma obra artística por meio de considerações completamente divorciadas das explicações racionalizadas do artista.

A idéia que faço de arte é a de que tanto ela pode ser ruim, como boa, como indiferente, mas de qualquer modo continua sendo arte, da mesma maneira que uma emoção por ser ruim, não deixa de ser uma emoção.

No ato criativo, o artista passa da intenção para a realização por meio de uma cadeia de reações totalmente subjetivas. Sua luta para chegar a realização é feita de trabalhos, sofrimentos, satisfações, recusas, decisões que não podem e não devem ser plenamente conscientes, pelo menos no plano estético.

O resultado dessa luta é uma diferença entre a intenção e a realização, uma diferença da qual o artista não tem consciência.

Afinal de contas, o ato criativo não é executado pelo artista sozinho; o espectador põe a obra em contato com o mundo externo ao decifrar e interpretar seus atributos internos, contribuindo dessa maneira, para o ato criativo. Isso ainda fica mais evidente quando a posteridade dá seu veredito final e algumas vezes reabilita artistas esquecidos.

"O Ato Criativo", por Marcel Duchamp

Um comentário:

Frida disse...

crismiranda curtiu.