segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Não é mais um texto sobre a atual situação do Rio de Janeiro



Entrou no táxi. O motorista pergunta:

- O senhor é do tempo da fita cassete, não é?

- A fita cassete é do meu tempo.

- O senhor vê, no caso, antigamente não tinha pirataria. Por que? Como é que o cara vai copiar um disco? Ele vai precisa fabricar o vinil, concorda?

- Mas existe muito disco de vinil pirata.

- Eu sei. Mas hoje em dia o camarada pode ter a música que quiser. É só baixar da internet e botar pra tocar em qualquer lugar. E antes disso, como é que fazia?

- Era complicado.

- Fita cassete.

- Ah, é.

- Tinha aquelas de noventa minutos, tinha cromada...diziam que o som ficava melhor, mas a verdade é que muitas vezes, só tocava bem no aparelho que você gravou a fita, ou seja, na sua casa.

- Realmente, a qualidade da gravação ficava bem pior no "som" dos outros. Já fui a muitas festas de fita.

- Lembro que eu passava o dia inteiro preparando uma fita pra tocar na festa. Na segunda música, sempre tinha alguém pra parar, trocar e colocar outra coisa no lugar nada a ver.

- That's life.

- Eu gostava, sempre gostei, fui criado com funk. Não esse funk aí...do morro...Mas com Tim Maia, Cassiano, Jacksons Five, James Brown, Marvin Gaye, Stevie Wonder...

- Sly and the Family Stone...

- É. Esses aí também. É o que eu digo pro meu filho: A tv antigamente era em preto e branco. Ele não acredita. Daí eu tiro todas as cores pra mostrar pra ele como era. Sabe o que ele diz?

- O que?

- Pai, o senhor inventa cada uma.