em um ônibus, indo para Hurricane de Bob Dylan no Ipod. Dois homens conversam no banco da frente.
Algum dia você já acordou se perguntando quem é você pois hoje acordei assim um escritor sem roteiro um espelho sem imagem um jornalista sem notícia um humorista sem piada uma lagartixa sem parede um nada e um calor da porra E eu? Saí de casa, fui almoçar, voltei. Ontem fiz a mesma coisa e já não tenho mais o que dizer. Sobre a guerra? Sobre as eleições? Sobre a novela? Não é mais possível dizer certas coisas. Eu digo certas coisas que eu considero boas e que parecem cair em desuso. Estamos sós e nenhum de nós sabe exatamente aonde vai parar Talvez em alguma conversa no MSN ou no Orkut ou no hospício O destino da humanidade talvez, quem sabe, em uma hipótese remota, seja a LOUCURA Vamos, vamos todos ficar muito loucos, Herculano. Tacar fora nossos celulares, aquele home theater que ainda não paguei aliás, vamos jogar nossos valets, tickets, vauchers, notas, comprovantes e vamos pegar tudo de graça. E para que isto não pareça um discurso engajado posto que é da arte...Posto que é chama. Por que construir mais prisões, igrejas e farmácias se estamos livres, crédulos e saudáveis? Eu me sinto representado por certas bandas nacionais Parem com essa guerra estúpida, parem de publicar notícias sobre a Parem de escrotidão parem parem
Meu dia estava apenas começando e tudo o que eu queria era um café com leite. E talvez nossos assuntos do dia-a-dia comecem a ser pautados a partir de conversas como essa